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sábado, 29 de outubro de 2011

À deriva


Meu ser está completamente à deriva.
É tão difícil conseguir reconstruir meu pensamento
depois de toda essa confusão mental
pela qual transito nesse ciclo de vida!
Sinto saudade do que vivi no passado
e muito mais do que vivo no presente,
além da paura de viver o futuro.
Quando será que vou saborear um
longo período de felicidade fértil?
Não consigo me livrar dessa passionalidade
como forma de vida.
E assim vivo cada minuto de forma exacerbada
e por ser assim (minuto a minuto)
espero que o meu redor se transforme
em um clone de mim;
das minhas ações, emoções e sentimentos.
Não busco a felicidade efêmera,
preciso galgar minhas expectativas
em formas mais duradouras.
É necessário erguer as paredes do meu ser
em sentimentos mais desprovidos de sucesso.
Estou caminhando junto a solidão,
conversando com a desesperança e
beijando a boca da perturbação.
Tudo o que consigo enxergar e observar
entre essa minha capacidade de ser
um ser humano é essa falta das
pessoas em saber amar.
É tão avassalador pensar nessa angústia,
é tão relevante as palavras aqui expressadas
que se alguém um dia as for ler
não chegará ao final.
Cortei as pessoas como se corta um pulso,
sangrei meu coração como se cuida de um câncer,
me sugaram tanto, tantos os meus sentimentos,
como aqueles bêbados de um bar
de quinta categoria esperando a próxima pinga
imersos no vômito de suas imaginações perdidas.
Busco nos desalmados meu espectro de sobrevivência,
derramo sobre a noite todas as queixas
desses artistas que moram dentro da minha alma!
Artistas sem lugar para apresentação
e que já estão com o aluguel atrasado.
Eles apenas permanecem por constituírem
partes do que sou hoje.
Todos são metades de mim,
fragmentos de algo já em decomposição e
é a partir deles que espero a salvação
quando mergulhar no esquecimento.

domingo, 16 de outubro de 2011

Picadeiro do mártir


É difícil desterrar o amor
Tirar de dentro e exterminar a dor.
É difícil extrair o pus de dentro da alma
Sonhar um sonho novo
Dentro dos pesadelos do outro.
É de forma sombria que se vive a vida
E se escuta o dia.
As conseqüências estão ai,
Postas a mesa
Como um cancro de alma
E um diabo na calma.
Foi cuspindo palavras que abri a porta
Da casa e fui entrando sem pedir licença.
Foi gritando que bebi a surdina
E cai na latrina da vida vazia
Da cachaça de todo dia
Eu brindo o futuro
Danço com a morte e faço da calma
A cama da alma,
A alma nua de uma pessoa pura
Onde pureza se marca com sangue, com lágrima e dor.
Vou brincando com a vida
Fazendo uma amarelinha do futuro
Desenhando as nuvens do céu
E pondo em prática o meu plano
De destruir a infância
Saboreando um devastador episódio
Da novela do ser humano.
Como os restos de análise como comida podre
Não consigo me acostumar com nada
Nem com a apatia de me ver eternamente
Apático a tudo que tenho sabedoria.
Eu lhe digo,
Pegue as ofensas, faça um misto de crença,
Bata tudo e beba como um licor que ofereça
Aos deuses, aos sem pudor, as putas, aos viados e os desvalidos.
Desavisados de um mundo sem pátria,
Desassossegados de um mundo sem cólera.
A grande trupe do picadeiro do mártir.
Um brinde!