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terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Ensaio sobre a embriaguez


Vivendo aqui entre essas paredes
Conseguimos reconhecer cada forma de pó
Que se instaurou por entre os móveis.
Tudo que foi esquecido está enterrado
Nesse grande cemitério de desilusões,
Negligenciado pelas formas de vida existentes
Nesse porão de encontros e despedidas.
Nessa sala escura, infecta, cheia de seringas
E quadros surrealistas de peixes voadores.
Tudo é meio estremecido no ser humano
Pois ele já nasceu humano.

Alguém coloca na vitrola um blues antigo para tocar e
Todos meio embriagados
Buscam uma razão para largar aquele cigarro
Que transbordam seus pensamentos.
Entre um gole e outro
Poesias para loucos,
Sobreviventes de um mundo para poucos.
De certa forma esse blues entra em nossa
Cabeça e as paredes se movimentam em nossa direção
E o clima noir toma conta de nossos corpos
Submersos de pecado e prazer,
De desejos, luxúrias e segredos.
Por que não, decepções e depressões, e murmúrios do que fomos?

Tudo é feito em meio há um clima de
Intolerância recheada de humor negro.
O blues para e de repente tudo fica em câmera lenta.
É lento o nosso desejo de sair correndo daquele lugar,
Pois é grande e orgástico o prazer de viver a
Melancolia de tempos que jamais voltarão.
Foi-se junto à poeira e o vento.
Tudo é como num disco arranhado.

Nessa democracia destruída pela hipocrisia
É melhor se destruir primeiro antes que destruam você.
Basta tirar um dia, abrir as gavetas e deixar as lembranças
Puxarem-te para o poço da infância.

8 comentários:

  1. Amei amore! Mandando bem como sempre! :D

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  2. Nossa, que lindo e tocante..
    quero ficar bêbado todo dia háhá

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  3. Sempre muito profundo, essas palavras que nos colocam realmente pra refletir, sentir, dizer...
    AMEIIIIIIIIII rs. bjus meu amorrrr.

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  4. Fiquei embriagado depois disso. Muito bom.

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  5. como sempre Arrasando por ai né rs.. custei, mas intendi tudo sauhsaussashua..

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  6. A força das palavras alcançam uma amplitude sem conhecimento de quem as proclama! Parabéns, José Pontes! Continue semeando cultura e faça de seus textos representantes de seus sentimentos... Poesia é isso: sentimentos! Bravo!

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  7. Muito bom, Zé. Adoro ler seus poemas... Não pare jamais!

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