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sexta-feira, 10 de setembro de 2010

A rotina do que não existe, porque é...sem nome.





O que estou buscando é algo que
Não quero e nem devo entender.
Quero é sondar planícies mais vastas e longínquas,
Apoiando-se em minha intuição e visão.
Meu mundo é criado através de formatos
Desenhados por mim, quando moldo em sonhos e sorrisos.
Os montes de um país que nunca vivi.
Olho tudo, todos e todos os dias, pois essa é minha rotina.
O caminho tem carros que poderiam estar andando,
Se não fosse o tempo parado em suas filas de
Grandes gafanhotos, onde vivem sempre.
Um atrás do outro.
A criança sentada na calçada tira de suas narinas
Secreções nasais de algo que ficou escondido no tempo,
No tempo da infantilidade das ações do ser.
O mendigo come os restos, dos restos dos donos das casas.
Onde procura a sua própria, escondida pelos porões do monopólio.
O casal de namorados dentro do ônibus
Beijam-se enlouquecidamente
Como se lá fora as outras pessoas
Não jogassem as outras do sexto andar.
Fecham os olhos para não ver a realidade
Da qual não fazem parte pela alienação do amor
Que sentem um pelo outro.
A senhora que está no ônibus abre a janela
E sente o vento em seus cabelos
Como se fosse novamente uma menina de doze anos,
Que as formas físicas aparagaram
Mas a lembrança do que foi vivido faz-se por lembrar a todo momento.
Começa a chover lá fora
E as pessoas que já andavam apressadas
Apertam ainda mais o seu passo,
Uma esbarrando na outra, sem nenhum pedido de desculpas,
Mas acho aqui de dentro que elas só se esbarram
Para poder sentir o calor, o toque das outras pessoas
Pois a chuva é só um pretesto...
As pessoas dentro do ônibus conversam como se a vida
Fosse embora naquele instante...
O motorista paquera uma mulher de saia sentada com as
Pernas viradas para ele
Como se ignorasse o letreiro que diz :
NÃO SENTE NO MOTOR.
Ou então:
FALE AO MOTORISTA SOMENTE O NECESSÁRIO.
O trocador guarda as bolsas e pastas de todos que não
Atravessaram ainda a catraca
Ele faz ali apenas o papel de guarda-volumes...
E eu vejo a chuva cair e o tempo passar...
Quase choro, mas engulo as lágrimas pois
O segredo é embasar as intuições em argumentos sensatos.
Com isso as emoções se tornam mais leves e as disposições mais justas,
Será também mais fácil para se bater pelo que acredita ser o justo,
O certo,
Lutando por mostrar um pouco da beleza do mundo em cada gesto.
E ai sim o amor se beneficia...
Sou o portador de mensagens crônicas
De um mundo inexistente
Cheio de pessoas sem segurança em seus próprios atos e
Com gestos previamente calculados.
Não importa em que janela você está sentado
Importa na verdade a verdade que se torna nesse mundo sem calma
A redundância dos fatos.
Importa também sentir o vento em seu rosto
Com o brilho no olhar de uma criança que vê
O mundo a cada dia que acorda como se fosse o primeiro.

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